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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Guerrilla girls: sim, ainda estamos em guerra!

Eu realmente fico decepcionada quando ouço algumas pessoas dizendo que as manifestações contra o racismo, o preconceito e o machismo, dentre tantas outras, são datadas. Muitas vezes ouço isso de pessoas brancas ou claras, endinheiradas, que estudaram nos melhores colégios e univerdades da cidade ou do país e que, portanto, estão dentro de um padrão imposto garganta abaixo pelo mass media.

Também escuto este tipo de afirmação de outras pessoas desinformadas: negros e mestiços (que não sabem que são negros e mestiços) e que dizem nunca terem sofrido com o racismo escancarado que existe em nosso país (não perceberam, é bem a verdade, pobres...); conservadores que ainda acreditam que homossexualismo é uma espécie de doença ("em breve haverá uma vacina contra esta indecência); e, homens e mulheres, principalmente mulheres, que se prestam ao papel de desqualificar o gênero feminino com frases várias e mesmo, o que é pior, com atitudes, veja esta sexualização exacerbada do corpo da mulher e das relações sexuais que, poderiam ser mais sensuais e que vemos estrapoladas via alguns estilos musicais da "moda", não é mesmo? Sem falar em deficientes físicos. Um dia destes um moço apanhou de um delegado que desejava estacionar na vaga reservada aos cadeirantes: "Jesus Man"!

Ainda bem que na arte ainda há pessoas e grupos capazes de atentar para o diálogo entre Arte e Sociedade. Aracy Amaral fez a curadoria de uma exposição sob este título no Itaú Cultural anos atrás, ótima mostra. Ainda escreveu o livro Arte pra quê? Que pode ser lido prazerosamente. Afinal, pode haver arte para deleite visual e estético; para se disfarçar de álgebra (aquelas muito, muito difíceis de se compreender, mesmo para os "iniciados", pena...); e estas que são elaboradas a partir do que se observa no mundo e nas relações humanas, tão desgastadas, tão esquecidas... Há espaço para muita arte, e ainda bem que existem moças como as do grupo Guerrilla Girls.

O coletivo criado em Nova York em 1985, vem fazendo há tempos seu barulho no cenário das artes com sua atitude heterodoxa, panfletária e aos moldes do espetáculo. Estiveram no Brasil em 2010, nas cidades do Rio e de São Paulo, onde ministraram oficinas. Elas usam nomes de artistas falecidas e famosas como identificação e usam máscaras em suas aparições. Ninguém sabe quem são as suas integrantes (identidade secreta). Em entrevista para Camila Molina do Estadão, elas disseram que: 

"Somos um grupo de artistas mulheres que usa fatos, humor e visual chocante para expor sexismo, racismo e corrupção - no mundo da arte, na política e na cultura pop. Nós revelamos as entrelinhas, o subtexto, o que se faz vista grossa, o injusto" (...) "Tentamos retorcer um assunto e apresentá-lo de uma maneira que não foi feita antes, com a esperança de mudar a cabeça de algumas pessoas".

Por meio de estatísticas elas provam que se o assunto (feminismo), se fosse datado não haveria necessidade de denunciar que no Metropolitan Museum, de Nova York, por exemplo, menos de 5% dos artistas representados são mulheres na seção de arte moderna, mas 85% dos nus do acervo são femininos.

Dá pra denunciar muito mais: http://www.guerrillagirls.com

Um comentário:

  1. Re,
    é muito mais fácil dizer não haver preconceito que lidar com os próprios!
    Recomendo o blog da Lola, acho interessante, ela pega pesado na questão da misogenia e homofobia
    http://escrevalolaescreva.blogspot.com
    bj
    saudade

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