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domingo, 7 de agosto de 2011

El cielo y las arboles

Eu sempre tive o olhar muito atento às coisas, aparentemente, mais insignificantes, sem importância, ou ainda, que muitas pessoas não dão a mínima. Eu sempre fui assim no que se refere a muitos aspectos do mundo, da vida e das pessoas. Sou daquelas que chora quando vê um pai de família vendendo pipocas no semáforo (isso aconteceu ontem). Penso demais na dignidade humana e da vida e não aceito muitas situações, inclusive, mais íntimas. Por exemplo, amigo que trai um princípio, um valor que é importante pra mim, para minha formação e caráter, já fica meio riscado... Enfim, penso se tenho que ser "amaciada" a ponto de me tornar a pessoa cínica que consegue caminhar cantarolando com desenvoltura neste mundo ou se é melhor continuar com as minhas angústias e fazer o que sei fazer melhor e que venho aprendendo a aprimorar: ser eu mesma com todos os meus defeitos, incluídos aí, esta minha sede por abarcar a todos, a todos nos quais ainda acredito.
E por falar em crença, eu acredito na imensidão do mundo natural, com todo o meu respeito. Mas, felizmente, não sou natureba, ainda não senti tal necessidade. Porém, respeito quem faça tal escolha. Estou comendo menos carne e sei o quanto faz bem ao meu corpo que, por sua própria natureza, não é mais o mesmo, aquele que pensei que seria infinito.
Não gosto de acampanhar, mas sim de ficar em um hotel ou pousada próximos da natureza. Gosto de observar a natureza que bravamente fura o concreto nas ruas da cidade, os espaços ainda preservados e aqueles montados pelo homem, como é o Parque do Ibirapuera, projeto de paisagismo de Burle Marx.
Trabalhei neste lugar durante dez anos! Desde a primeira exposição na qual fiz mediação graças a uma das minhas mestras: Mirian Celeste Martins (Mostra do Redescobrimento). Depois deste trabalho desabrochei para o prazer de mediar as obras de arte junto ao público a partir de conversas. Adoro isso: jogar as pistas para que os visitantes captem ou elaborem ideias que auxiliam na compreensão das formas criadas pelos homens, com seus valores estéticos! Tenho saudades! Entretanto, cada coisa tem seu tempo.
Nestes anos nos quais trabalhei em muitas exposições, não dava tanto valor àquele verde todo, não tinha tempo para observar. Estudante, morando em Itaquera, fazendo TCC, prestando mestrado, administrando os prazeres e dores familiares, os amores etc. Não sobra tempo para o singelo, e, dentre do singelo, por que não o peculiar?
Esta semana fui levar um grupo de funcionários de uma escola com a qual estamos trabalhando dentro do projeto EMBU COM ARTE, iniciativa do Instituto Sidarta, localizado em Cotia, com o IMPAES, que financia projetos de formação de profissionais na área de Artes. O objetivo do projeto é relacionar, de forma prática, a produção de arte contemporânea com a que é produzida em Embu das Artes, local cheio de natureza, riachos, arte de Raquel Trindade, Mestre Assis, Sakai e tantos outros que deram verniz ao nome da cidade charmosa.


Entre a ida para o Museu Afro Brasil, no qual queríamos que os nossos pupilos conhecessem a arte de Krajcberg, a parte de arte popular (desmontada) e as referências de arte contemporânea no acervo, como Sidnei Amaral e Tiago Gualberto (ambos com álbuns no Flickr), e o Jardim das Esculturas do MAM (lindo, vale a ida!), fiquei observando as árvores secas de inverno em contraste com o céu azul, lindo que estava.
Sempre gostei muito dos desenhos em nanquim dos japoneses, os sumiês. Também me lembraram algumas telas de Klimt com árvores cujos troncos são adornados, manchados, belos.
Encontrei uma casinha de joão-de-barro, algumas árvores floridas, outras que aguardam pacientemente a primavera para florir. A minha brincadeira de observação das árvores contaminou alguns dos profissionais do grupo que ficaram a observar estas formas.
Nossa, foi uma sexta-feira voltada à percepção das coisas mais simples do mundo que me circunda, para reflexão, para sensação visual, gustativa, auditiva etc.
Cheia de sorrisos, lágrimas, reencontros, desencontros, foi um dia de muita vida!
Seguem as imagens captadas.





















Esta árvore é do jardim das esculturas do MAM. É uma obra de Elisa Bracher, segundo meu parceiro de trabalho Anderson Rei, ela teve que ser montada com guindaste. É surpreendente ver estes baita trocos de perto, deviam ser árvores muito antigas, mesmo que certificadas dá muita pena. Em nome da Arte...




Aguardem a postagem de comemoração de 6.000 acessos! 1.000 por mês! O povo gosta de arte e gosta de ler, só que não livros!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Portas e Janelas de Buenos Aires (virou de Botucatu)

Resolvi deixar o primeiro texto sobre Buenos Aires e São Paulo porque nele há ideias em que acredito. Na sequência seguem considerações sobre Botucatu:

Ah, Buenos Aires! Já ouvi de alguns amigos dizendo: "Se você já conhece, por que vai voltar?". Que perguntinha...
Volto porque é bom, gostoso, lindo e barato! É, uma semana em Buenos Aires com passagem de avião, hostel e tudo mais é mais barato do que ir para qualquer cidade do Nordeste nas mesmas condições (compravado que é mais barato do que ir para Botucatu!). Conhecer nosso país não é fácil, se dispende o mesmo que seria necessário para conhecer Santiago, Quito e outras capitais latino americanas cheias de encantos e lugares interessantes.
Em Buenos Aires, além de comer, ir à Papeleria Palermo e ver os artistas de rua de San Telmo (Eles arrasam! Para ver meu caderno de desenhos comprado nesta papelaria: http://www.flickr.com/photos/renatafelinto/sets/), gosto de observar a arquitetura desta cidade e ver como tudo é preservado. E tudo se parece demais com o que vemos nas ruas de São Paulo, com a grande diferença de que aqui esperamos os edifícios antigos, do início do século, ficarem bem abandonados, arruinados e depois os mesmos são demolidos e dão lugar à edifícios espelhados ou construídos naquele gosto neoclássico requentado bem duvidoso. Os imperadores romanos foram o máximo mesmo na engenharia, a gente não consegue se livrar disso!
Críticas ideológicas e estilísticas à parte, gosto muito dos prédios art deco que há no centro de São Paulo. Arquitetura nazistinha, mas muito bonita! Para o alto e avante!
Outro dia passeando com meu irmão Juninho e com um amigo, meu irmão e eu ficamos observando as construções em restauro na Praça dos Correios - um dos prédios presenteado com um grafite da série de gigantes de OsGêmeos em sua lateral - os edifícios que mantinham as características originais e que estavam bem preservados, a tentativa de manter aquela região, enfim, fomos comentando e apreciando tudo. Meu amigo ficou rindo e disse brincando algo elogioso sobre o Centro, porém algo bem zombando da nossa atitude e da cidade mesmo. Bem, em geral, está é a mentalidade do povo brasileiro que desdenha de sua própria cultura, de seu patrimônio material e imaterial. Afinal de contas, é muito mais "chique" observar e apreciar os edifícios europeus e, no limite, argentinos. Tsc, tsc, tsc!
A arquitetura europeia só é linda em alguns lugares porque é cuidada pela população e pelos governos ou entidades mantenedoras. Eles são inteligentes e sabem o quanto este patrimônio atrai turistas e, ao mesmo tempo, valoriza e estimula positivamente a auto-estima de seus habitantes que se sentem, muitas vezes, orgulhosos de suas culturas. Quando vamos aprender a fazer o mesmo? A ver o Copan como uma obra de arte do modernismo, por exemplo, e não como aquele trombolho do centro. Ou ainda, a apreciar o Mosteiro de São Bento ou a igrejinha de Santa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos lá no Largo do Paissandú, histórica e importantíssima para a saga negra na cidade, entretanto, com seu entorno tão abandonado. Lá existia uma irmandade terceira, ou seja, de homens pretos. A missa ainda conta com um padre negro. Numa manhã de domingo fui à três missas em missão expedicionária: São Bento, Ifigênia e São Francisco. Os fiéis mudam drasticamente devido ao perfil étnico e socioeconômico. Isso porque Deus não faz distinção, mas os homens...

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos - Largo do Paissandú, São Paulo

Entorno

O altar é lindo e...

... nas laterais há altares para santos negros já que era uma igreja ligada à uma irmandade de homens pretos... Este é São Benedito...

...Santa Bakhita, pouco conhecida...

...Santa Ifigênia...

... linda cena...

...Igreja de Santa Ifigênia. A capela data do século XVIII, mas a Igreja já é do XX.

Santa Ifigênia

"Mãe Preta", de Júlio Guerra, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Homenagem à população negra.

Uma das lindas portas de edifícios na Avenida São João, quase Praça dos Correios.
Voltando ao tema central, eu amo viver em São Paulo e gostaria que a cidade fosse tratada com mais carinho. Eu junto lixo na minha casa e no porta-malas do carro para dar a minha contribuição às ações de sustentabilidade. Quando posso vou de ônibus aos lugares, não dá sempre porque vivo em Taboão da Serra. Geralmente, levo a minha sacola ao mercado. Enfim, isso ajuda a cidade e todo mundo. São Paulo pode ser melhor e depende muita da gente, não adianta admirar a grama alheia e não regar e podar a sua própria.
Ah, Buenos Aires... Seguem abaixo algumas imagens desta cidade charmosa e de sua arquitetura com um pouquinho de características neoclássicas, art nouveau, dentre outras. Se eu tivesse condições levaria todos os meus amigos que gostam de arquitetura para fazer um passeio comigo por estas ruas "por toda la noche..."

...também não há nada melhor do que olhar o mundo com olhos de paixão...

No final das contas, devido a um contratempo gigantesco, perdi meu vôo e ida à Buenos. Que tristeza! Eu chorei muito, muito mesmo. Mas, fazer o quê? Como disse minha mãezinha, talvez não era para ser. Porém, prometi a mim que não ficaria a semana toda em São Paulo, apesar de adorar a cidade em dias úteis. Pesquisando pela internet, surgiu a ideia de conhecer Botucatu e lá fomos nós de carro.
Bem,  a cidade fica a 5h de São Paulo e para ir até se gasta uns R$ 100,00 só em pedágio. O direito de ir e vir não existe se não tiver dinheiro para este assalto legalizado.
No caminho, se estiver cansado, não pare em Porto Feliz, as pessoas não são hospitaleiras e felizes como o nome da cidade pode sugerir.
Os motéis de beira de estrada são melhores do que os hotéis três estrelas das cidades do entorno e ainda têm espelho e sauna.




Há construções antigas, especialmente em estilo art dedó. Álias, no inteior paulista este tipo de arquitetura é bem comum, não sei se há uma relação com a Era Vargas que é quase o "nazi" tupiniquim. O Hitler adorava este estilo arquitetônico que dialogava diretamente com a escola greco-romana e fazia referência à ideia de ascensão, superioridade, enfim.
O serviço de informações turísticas da cidade é zero, mas há bons restaurantes e construções bem bonitas, além da cachoeiras que estão por muitos lados.
Bom, seguem construções e portas e janelas desta cidade: Botucatu. Buenos Aires, só ano que vem... Valeu o passeio!















sábado, 16 de julho de 2011

Portas e Janelas de São Luiz do Paraitinga

As chuvas de verão de janeiro de 2010 destruíram parte considerável do centro histórico da cidadezinha charmosa de São Luiz do Paraitinga. Uma enchente sem precedentes deixou 700 pessoas desabrigadas.


Ao realizar uma breve visita a esta cidade quando retornava de Paraty, foi possível ter dimensão do problema. O restaurante onde almoçamos, um sobrado, ficou com água até o teto. As águas do rio subiram uns dez metros acima no nível normal. As marcas de água estão nas fachadas de muitos imóveis, mas também há muitas construções com as fachadas pintadas e refeitas, além daquelas que ainda estão em recuperação.

Imóveis tombados dos século XVIII e XIX estão em recuperação, incluindo neste processo a Igreja Matriz. Das 437 construções tombadas, pelo menos 300 foram destruídas. 

O casario é absolutamente lindo e colorido e ajudava a decorar o colorido das festas de rua que aconteciam na cidade, como o concorrido carnaval do qual só vi imagens, fotografias, nunca participei.

O que já está reconstruído, pintado, refeito já enche os olhos dos visitantes. As combinações de cores, os detalhes de cada janela, das paredes e tudo mais me encantam. Isso em qualquer lugar do mundo! A arquitetura é uma das minhas artes prediletas. Ah, se eu fosse filha de rico seria arquiteta!  Acho muito interessante observar os diversos tipos de construções, as soluções, as pinturas etc. Neste blog já postei um texto com título semelhante chamado "Portas e Janelas de Pernambuco" demonstrando meu encantamento ao caminhar pelas ruas de Olinda, Recife e Caruaru.

São Luiz vai se recuperar. A população tem feito o maior esforço para isso. Quem diz que no Brasil não há desastres naturais não se tocou ainda de que nossos desastres estão nesta ordem: enchentes, deslizamentos, etc. Moradores me disseram que a cidade havia sido avisada desta possibilidade, mas ninguém acreditou que tal tragédia pudesse acontecer de verdade. Pois é, se temos agências metereológicas é por razões como esta. Temos que acreditar em nossos órgãos também e na sua eficiência.

Torço para conseguir pular parte do carnaval de 2012 em São Luiz e me hospedar em uma destas casas com 200, 300 anos de história de um período importantíssimo para história do país.

Vejam as casas já recuperadas. Vale a pena a visita para um almoço e para a apreciação destas. Ah, sem contar que dá uma ajudinha a economia local.




Esperando pelo carnaval!

Em recuperação - restaurração ou reconstrução?

















Dá até uma tristezinha ver tudo isso ainda desse jeito depois de um ano inteiro!