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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Portas e Janelas de Buenos Aires (virou de Botucatu)

Resolvi deixar o primeiro texto sobre Buenos Aires e São Paulo porque nele há ideias em que acredito. Na sequência seguem considerações sobre Botucatu:

Ah, Buenos Aires! Já ouvi de alguns amigos dizendo: "Se você já conhece, por que vai voltar?". Que perguntinha...
Volto porque é bom, gostoso, lindo e barato! É, uma semana em Buenos Aires com passagem de avião, hostel e tudo mais é mais barato do que ir para qualquer cidade do Nordeste nas mesmas condições (compravado que é mais barato do que ir para Botucatu!). Conhecer nosso país não é fácil, se dispende o mesmo que seria necessário para conhecer Santiago, Quito e outras capitais latino americanas cheias de encantos e lugares interessantes.
Em Buenos Aires, além de comer, ir à Papeleria Palermo e ver os artistas de rua de San Telmo (Eles arrasam! Para ver meu caderno de desenhos comprado nesta papelaria: http://www.flickr.com/photos/renatafelinto/sets/), gosto de observar a arquitetura desta cidade e ver como tudo é preservado. E tudo se parece demais com o que vemos nas ruas de São Paulo, com a grande diferença de que aqui esperamos os edifícios antigos, do início do século, ficarem bem abandonados, arruinados e depois os mesmos são demolidos e dão lugar à edifícios espelhados ou construídos naquele gosto neoclássico requentado bem duvidoso. Os imperadores romanos foram o máximo mesmo na engenharia, a gente não consegue se livrar disso!
Críticas ideológicas e estilísticas à parte, gosto muito dos prédios art deco que há no centro de São Paulo. Arquitetura nazistinha, mas muito bonita! Para o alto e avante!
Outro dia passeando com meu irmão Juninho e com um amigo, meu irmão e eu ficamos observando as construções em restauro na Praça dos Correios - um dos prédios presenteado com um grafite da série de gigantes de OsGêmeos em sua lateral - os edifícios que mantinham as características originais e que estavam bem preservados, a tentativa de manter aquela região, enfim, fomos comentando e apreciando tudo. Meu amigo ficou rindo e disse brincando algo elogioso sobre o Centro, porém algo bem zombando da nossa atitude e da cidade mesmo. Bem, em geral, está é a mentalidade do povo brasileiro que desdenha de sua própria cultura, de seu patrimônio material e imaterial. Afinal de contas, é muito mais "chique" observar e apreciar os edifícios europeus e, no limite, argentinos. Tsc, tsc, tsc!
A arquitetura europeia só é linda em alguns lugares porque é cuidada pela população e pelos governos ou entidades mantenedoras. Eles são inteligentes e sabem o quanto este patrimônio atrai turistas e, ao mesmo tempo, valoriza e estimula positivamente a auto-estima de seus habitantes que se sentem, muitas vezes, orgulhosos de suas culturas. Quando vamos aprender a fazer o mesmo? A ver o Copan como uma obra de arte do modernismo, por exemplo, e não como aquele trombolho do centro. Ou ainda, a apreciar o Mosteiro de São Bento ou a igrejinha de Santa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos lá no Largo do Paissandú, histórica e importantíssima para a saga negra na cidade, entretanto, com seu entorno tão abandonado. Lá existia uma irmandade terceira, ou seja, de homens pretos. A missa ainda conta com um padre negro. Numa manhã de domingo fui à três missas em missão expedicionária: São Bento, Ifigênia e São Francisco. Os fiéis mudam drasticamente devido ao perfil étnico e socioeconômico. Isso porque Deus não faz distinção, mas os homens...

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos - Largo do Paissandú, São Paulo

Entorno

O altar é lindo e...

... nas laterais há altares para santos negros já que era uma igreja ligada à uma irmandade de homens pretos... Este é São Benedito...

...Santa Bakhita, pouco conhecida...

...Santa Ifigênia...

... linda cena...

...Igreja de Santa Ifigênia. A capela data do século XVIII, mas a Igreja já é do XX.

Santa Ifigênia

"Mãe Preta", de Júlio Guerra, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Homenagem à população negra.

Uma das lindas portas de edifícios na Avenida São João, quase Praça dos Correios.
Voltando ao tema central, eu amo viver em São Paulo e gostaria que a cidade fosse tratada com mais carinho. Eu junto lixo na minha casa e no porta-malas do carro para dar a minha contribuição às ações de sustentabilidade. Quando posso vou de ônibus aos lugares, não dá sempre porque vivo em Taboão da Serra. Geralmente, levo a minha sacola ao mercado. Enfim, isso ajuda a cidade e todo mundo. São Paulo pode ser melhor e depende muita da gente, não adianta admirar a grama alheia e não regar e podar a sua própria.
Ah, Buenos Aires... Seguem abaixo algumas imagens desta cidade charmosa e de sua arquitetura com um pouquinho de características neoclássicas, art nouveau, dentre outras. Se eu tivesse condições levaria todos os meus amigos que gostam de arquitetura para fazer um passeio comigo por estas ruas "por toda la noche..."

...também não há nada melhor do que olhar o mundo com olhos de paixão...

No final das contas, devido a um contratempo gigantesco, perdi meu vôo e ida à Buenos. Que tristeza! Eu chorei muito, muito mesmo. Mas, fazer o quê? Como disse minha mãezinha, talvez não era para ser. Porém, prometi a mim que não ficaria a semana toda em São Paulo, apesar de adorar a cidade em dias úteis. Pesquisando pela internet, surgiu a ideia de conhecer Botucatu e lá fomos nós de carro.
Bem,  a cidade fica a 5h de São Paulo e para ir até se gasta uns R$ 100,00 só em pedágio. O direito de ir e vir não existe se não tiver dinheiro para este assalto legalizado.
No caminho, se estiver cansado, não pare em Porto Feliz, as pessoas não são hospitaleiras e felizes como o nome da cidade pode sugerir.
Os motéis de beira de estrada são melhores do que os hotéis três estrelas das cidades do entorno e ainda têm espelho e sauna.




Há construções antigas, especialmente em estilo art dedó. Álias, no inteior paulista este tipo de arquitetura é bem comum, não sei se há uma relação com a Era Vargas que é quase o "nazi" tupiniquim. O Hitler adorava este estilo arquitetônico que dialogava diretamente com a escola greco-romana e fazia referência à ideia de ascensão, superioridade, enfim.
O serviço de informações turísticas da cidade é zero, mas há bons restaurantes e construções bem bonitas, além da cachoeiras que estão por muitos lados.
Bom, seguem construções e portas e janelas desta cidade: Botucatu. Buenos Aires, só ano que vem... Valeu o passeio!















sábado, 16 de julho de 2011

Portas e Janelas de São Luiz do Paraitinga

As chuvas de verão de janeiro de 2010 destruíram parte considerável do centro histórico da cidadezinha charmosa de São Luiz do Paraitinga. Uma enchente sem precedentes deixou 700 pessoas desabrigadas.


Ao realizar uma breve visita a esta cidade quando retornava de Paraty, foi possível ter dimensão do problema. O restaurante onde almoçamos, um sobrado, ficou com água até o teto. As águas do rio subiram uns dez metros acima no nível normal. As marcas de água estão nas fachadas de muitos imóveis, mas também há muitas construções com as fachadas pintadas e refeitas, além daquelas que ainda estão em recuperação.

Imóveis tombados dos século XVIII e XIX estão em recuperação, incluindo neste processo a Igreja Matriz. Das 437 construções tombadas, pelo menos 300 foram destruídas. 

O casario é absolutamente lindo e colorido e ajudava a decorar o colorido das festas de rua que aconteciam na cidade, como o concorrido carnaval do qual só vi imagens, fotografias, nunca participei.

O que já está reconstruído, pintado, refeito já enche os olhos dos visitantes. As combinações de cores, os detalhes de cada janela, das paredes e tudo mais me encantam. Isso em qualquer lugar do mundo! A arquitetura é uma das minhas artes prediletas. Ah, se eu fosse filha de rico seria arquiteta!  Acho muito interessante observar os diversos tipos de construções, as soluções, as pinturas etc. Neste blog já postei um texto com título semelhante chamado "Portas e Janelas de Pernambuco" demonstrando meu encantamento ao caminhar pelas ruas de Olinda, Recife e Caruaru.

São Luiz vai se recuperar. A população tem feito o maior esforço para isso. Quem diz que no Brasil não há desastres naturais não se tocou ainda de que nossos desastres estão nesta ordem: enchentes, deslizamentos, etc. Moradores me disseram que a cidade havia sido avisada desta possibilidade, mas ninguém acreditou que tal tragédia pudesse acontecer de verdade. Pois é, se temos agências metereológicas é por razões como esta. Temos que acreditar em nossos órgãos também e na sua eficiência.

Torço para conseguir pular parte do carnaval de 2012 em São Luiz e me hospedar em uma destas casas com 200, 300 anos de história de um período importantíssimo para história do país.

Vejam as casas já recuperadas. Vale a pena a visita para um almoço e para a apreciação destas. Ah, sem contar que dá uma ajudinha a economia local.




Esperando pelo carnaval!

Em recuperação - restaurração ou reconstrução?

















Dá até uma tristezinha ver tudo isso ainda desse jeito depois de um ano inteiro!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Reflexão sobre a função do serviço educativo de algumas instituições culturais de São Paulo - parte 2

Ufa!!! Os ânimos estão mais calmos, de verdade! Então, toda a discussão que trouxe na primeira parte deste texto pode, e deve, ser considerada com ponderação. Não tem nada escrito que não seja real. Após meses da minha saída da referida instituição, agora existe um novo coordenador do Núcleo de Educação. Porém, há sinais de mudança? Claro que não! Em verdade o que se deseja é a manutenção de lugares e poderes, o que é realmente muito frustrante. Nada mudou, nada me leva a crer, por exemplo, que em agosto (e já é tarde!), teremos alguma prévia de programação do Núcleo de Educação ou da instituição para que o Mês da Consciência Negra não passe em branco, ou em pardo, como vem ocorrendo já faz alguns anos.  Interessante, porque dois educativos que não possuem relações diretas como a história do povo negro-africano já estão programando o que vão oferecer.
Planejamento das ações, serviços e parcerias que um Núcleo de Educação, Serviço Educativo, etc. e tal deve ter para que o seu público se programe a fim de observar e escolher, de acordo com seus interesses, o que se deseja assistir, ver e conhecer. É fundamental tanto para o já citado público quanto e, principalmente, para os funcionários/educadores que trabalham nas instituições que isto seja feito. Não é luxo! É necessário! Os mesmos devem estar preparados e seguros para a realização do que as Diretorias propõem. Infelizmente, alguns importantes espaços de São Paulo não funcionam desta maneira profissional e ética e suas programações continuam a ser materializações de egos frustrados, uma espécie de sublimação, nos quais o que o público apreende das exposições e de outras atividades é o que menos importa. Já dizia um importante manual inglês de ações em museus: "O serviço educativo se inicia com uma exposiçao didática". Didático não tem por significado "subestimar o público", mas sim proporcionar meios de compreensão que dispensem a ação de um educativo que, neste caso, complementaria a proposta de entendimento da exposição apresentanda, não sendo exatamente uma muleta ou bula ambulante. Alias, já vi exposições com uma bulazinha abaixo de cada obra...Aff!
Bom, como diz o Sr. Barmak: "Arte é Educação!". Já citei esta máxima antes e vamos ver no que dá.
Gostaria muito de participar (como visitante) de programações dinâmicas, inovadoras e interessantes neste mês de suma importância para a população brasileira (ainda que tenha quem reconheça Tiradentes e não reconheça Zumbi. Bem, vai ler!).
Tenho conhecido muita gente grávida de ideias e que precisa apenas de espaço e alguma verba. Apoiar tais grupos, coletivos e inicitaivas também pode ser papel destas instituições como já faz o Itaú Cultural e o Conjunto Cultural da CEF quando abrem seleção para projetos cujas as temáticas são variadas!
Por outro lado, já que algumas instituições não abarcam estas propostas e iniciativas, nós temos que cobrar. As Organizações Sociais são geridas com verba pública, não são instituições particulares, a não ser no que diz respeito à gestão. Deste modo, "Ouvidoria" é um canal de comunicação que deve ser utilizado mesmo, para elogiar, reclamar, propor, cobrar. Temos que aprender a fazer este papel "chato" que torna a realidade mais "legal", com mais opções de diálogos, lazer e cultura que não essenciais ao homem contemporâneo. Dizia Dona (Ave Maria!) Ana Mae Barbosa (algo assim...) "que um homem que não conhece a sua própria cultura, não desenvolve seu senso de cidadania, de pertencimento, não tem uma identidade". É mais ou menos isso!

Vamos esperar!

Seguem links de blogs dessa brava gente artista produtora e propositora para que você se informe, peça, conheça, cobre, exija o que é nosso de direito: cultura de qualidade e que não beneficie sempre os mesmos nomes já destacados, mas que propiciem oportunidades.


www.edicoestoro.net
promove cursos, eventos e publicações! Inscrições abertas para curso sobre Cordel que será realizado em julho, mês de férias!

omenelicksegundoato.blogspot.com
promove encontros sobre cultura urbana e afro-brasileira, além de ter uma publicação física de mesmo (linda) distribuida gratuitamente
www.oscrespos.com.br
coletivo de tetatro formado por atores da EAD - USP.
espacoclario.blogspot.com
coletivo de teatro premiado formado por atrizes e atores de Taboão da Serra, onde possuem um espaço que promove atividades culturais como aulas de teatro e capoeira.
ciacapulanas.blogspot.com
coletivo de teatro formado por atrizes negras que abordam questões relacionadas à mulher.
zinhotrindade.blogspot.com
Zinho Trindade e o Legado de Solano, descendente de Chico Science promovem a mistura entre os ritmos tradicionais e contemporâneos.
artistasviajantesdanossagoma.blogspot.com
caminhadas artísticas culturais pelo conjunto José Bonifácio em Itaquera, esta é a primeira ação, serão 06 encontros de junho a outubro.
Informe-se e divirta-se porque é tudo gratuito!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dia dos namorados, os casais que combinam e o amor...

Recentemente mais um homem se foi da minha vida. Uma experiência nova, porque eu nunca havia sido deixada. Eu sempre deixei e este era, inclusive, um trunfo bem idiota. A sensação de fracasso é a mesma que sentimos em qualquer outro conflito ou final de relacionamento (profissional, familiar, afetivo etc.). Entretanto, quando se trata deste gostar/amar e de quando você é a pessoa descartada, a que não serve, a que não vale a pena para se repensar posturas, isso é destruidor. Uma devastação nos sentimentos, na autoestima, etc. Mesmo que a gente conclua que não tem jeito, também tem a ilusão de que pode dar mais de si, fazer durar mais, que pode investir mais um pouco e eu sempre invisto muito.
Só me recordo de um homem no qual não investi porque eu queria ter um namorado como quem tem um animal de estimação, eu fui insensível. Realmente as nossas atitudes voltam pra gente, por vezes, em dobro... As amigas e os familiares dizem: "Você merece coisa melhor", "Você precisa de um homem de verdade", "Você é muita areia", blá, blá, blá. Porém, a verdade é que só nós sabemos o quanto e em que intensidade e aspectos que cada homem (ou mulher) é Homem ou Mulher nas nossas vidas. Muita gente veio com a frase "Ah, vocês combinavam tanto...". Pareciam mais tristes do que eu mesma com este fim. Talvez gostassem de nos olhar, esteticamente estava bem bonito mesmo. Ele tinha qualidades das quais eu gostava e defeitos que realmente "make sick" (aff!).
A gente sempre aprende com os relacionamentos, mesmo que este aprendizado se torne mais evidente um, dois três anos depois. Por isso, faço um exercício quase budista de não sair por aí demonizando os homens que me amaram ou que fingiram fazê-lo, algumas vezes, muito bem! Dificílimo!!! Tento observar no que me transformei positivamente, entretanto, em alguns momentos a parte negativa se sobressai tanto que fica difícil ser polida e ética. Mas, afinal,o que é ética em um relacionamento? Parece que um monte de atitudes que tentamos evitar com nossos amigos e familiares aparecem no caso de um relacionamento afetivo, de uma pessoa que a gente ama ou tenta amar,compartilhar, enfim...
E esse combinar tanto? O que se leva em consideração ao dizer isso? Já estive com alguns homens e pra mim o que mais combinava comigo foi o mais improvável. Não tem fórmula, pode até ter "boa" aparência e ser agradável aos olhos, porém, não quer dizer que essa pessoa "combina" com a gente. Pô, apesar das mulheres serem tão descartadas hoje em dia, eu não quero tratar os homens como vestidos ou calças que podem ou não combinar com meus sapatos lindos. Por isso, pensei no amor, nos casais, nos artistas sensíveis e com a libido a flor da pele e em uma mulher em especial: Nan Goldin. Ela amava seu homem, pero ele era meio violento. Meio estranho, porque o amor e seus companheiros, afeto e tesão, podem ser muito esquisitos e se manisfestar de formas assustadoras.
Desse maneira, não acho muita coisa esquisita quando se trata de sentimento e nem ligo mais pra essa historinha de combinar. Não quero ser tratada como a Nan Goldin, obviamente, este foi um exemplo porque o trabalho dela choca ainda hoje. Entretanto, combina comigo quem me quer bem, quem se importa comigo, quem prepara surpresas que não precisam passar pela grana (ei, vamos ser criativos, essa qualidade é inerente ao humano!), quem quer ver exposições comigo e discutir arte, política, bobagens e outros assuntos longa e profundamente e, após alguns berros de troca de opiniões acaloradas, souber que foi só uma conversa intensa, quem não trata meus sentimentos como mania de mulher de TPM ou algum tipo de birra passageira... Sentimento pode ser marca de ferro no peito da gente,não sai mais...
Eu não abro mais mão de alguns princípios meus, eu prefiro chorar, chorar demais, sofrer porque se cresce no sofrimento também, a gente de reavalia e, inclusive, avalia se é possível deixar algumas teorias pessoais, que algumas vezes já foram testadas empiricamente e, portanto, não são teorias, de lado. O gostar/amar nos transforma, nos faz ponderar nossas convicções e se nem ao menos isso conseguimos fazer é porque, talvez, não estejamos tão disponíveis para o gostar/amar tendo esta pessoa como objeto destes sentimentos.
E vem aí o Dia dos Namorados! Sempre dei presentes, dentro ou fora desta data, eu gosto de dar presentes, de agradar, de ver algo e lembrar de alguém, seja quem for... Mas, nesta data a gente tem que dar algo, não custa nada, pode ser um desenho, uma poesia, uma flor, um doce, naõ precisa cair na armadilha do shopping lotado... É gostoso dar (sem duplo sentido)...
Fiquei pensando em quantos casais realmente felizes que comemoram a data e que se presenteiam. Quantos estão se aguentando, se torturando, "levando", "vendo no que vai dar", subjugando e humilhando um ao outro com atitudes desleais, mas que vão à uma loja e compram o tal presente. Presente melhor é conversa franca, com carinho, pedido de desculpas, declaração sincera de seus próprios desejos que, porventura, podem não incluir o outro, sexo com verdade, sem nojinho, sem frescuras...
É evidente que todo mundo idealiza e meus ideais parecem inatingíveis (minha psicanalista disse que não são, eh!), porém percebo que...

COMBINA COMIGO QUEM ME QUER COMO SOU E COM O QUE TENHO.

Alguns artistas explicitaram as suas realizações, frustrações e fantasias amorosas de maneiras muito tocantes, intensas, verdadeiras. Seguem algumas imagens que nos mostram que gostar e amar é assim, nem sempre é rosa e vermelho, que a dor e a desilusão são inerentes a estes sentimentos e que, em verdade, os complementam, os tornam mais inteiros, nos fazem mais completos e humanos...




Nan Goldin cresceu em uma familia judia de classe média alta nos EUA. Começou a fotografar aos 15 anos de idade e se interessou, desde muito jovem, pelas comunidades homossexuais de sua cidade. Morando em NY voltou seu olhar o cenário new-wave pós-punk do final da década de 1970 e começo da década de 1980. Nestas imagens há registros de seus próprios amigos e dela após "desentendimento" com o namorado.


A obra de Leonilson é autobiográfica e a partir de sua observação é possível ter noção de seus amores e desamores. Acima, por exemplo, a costura feita a maneira de cicatrizes nos diz muito. Que coração não tem as suas cicatrizes? Algumas até doem...Nascido no Ceará, mudou-se com a família para São Paulo e aqui foi pintor, desenhista e escultor. Recentemente o Instituto Itaú apresentou uma retrospectiva muito completa de sua produção. De chorar de tanto amar....


John Currin nos mostra que sexo é amor! Pode ter sexo sem amor, mas o contrário é complicado. E não tem nada, nada mais delicioso nesta vida do que sentir prazer com quem se ama, se gosta e sabe que toque, pressão e intensidade são altamente recomendados para cada parte do seu corpo. Corpos distorcidos, de proporções estranhas, penetrações, masturbações, tudo mostrado com a naturalidade e imperfeição que os corpos e as relações precisam ter. Ele é adepto da pintura como forma de expressão. Vive em NY.


Como Nan Goldin, a brasileira Beth Moysés nos mostra que o sonho dourado do casamento pode virar um pesadelo. Nan Goldin faz uma denúncia ao se fotografar destruída pelo namorado (tão comum, meu bem, né, Dado?), Beth Moysés, mostra as suas noivas frustradas. Acima a performance com várias noivas desfilando pela Avenida Paulista e a luva de boxe toda ornamentada, brilhante, bordada e delicada. Ela faz parte de muitas relações nas quais as agressões podem ser físicas, verbais ou psicológicas e estão dentro dos lares. Lei Maria da Penha neles! 


Egon Schiele: distorcendo os padrões conservadores do desejo no início do século XX. O pintor expressionista nascido na Aústria chegou a ser preso porque seus lindos e sensuais trabalhos foram considerados pornográficos. A intensidade das relações entre seus retratados é visível. O traço nervoso como de quem treme de prazer, de amor, de tesão. O homem era visceral.


Auguste Rodin sempre foi apaixonado pelo corpo e pelo amor. Ambas as obras acima são extraídas do conjunto que compõe a Porta do Inferno, baseada na obra de Dante. Uma é solidão e sofrimento. A outra romance e realização. Rodin e Claudel?  Tórrida paixão no início do século XX.